terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vide cuore meum.

Senta-te, esquece o que se passou, descalça esses sapatos podres e esquece o relógio partido. Descansa, fecha os olhos. Não sei porque choras rapazote!
A vida que desejas não é a tua, quem amas não te quer e esse cansaço não te pertence.
O teu sangue é azul, verde, amarelo, da cor da tua pele, da cor dos teus olhos. As veias saltam te fora dos braços, as tuas mãos são dentes de catrapiler.
E essa roupa, porque não te mudas?! Não é pelo teu cheiro, é pelo meu.
Esse teu ar não me poupa, o cansaço da calçada também me cansa, bebemos do mesmo copo, usamos o mesmo garfo. Não é nada usual.
O preto das tuas unhas, que as usaste como lixadeira de alcatrão. Porquê?
Essas calças eram azuis, a camisa era branca. Agora essas cores encontram-se no castanho, sujo e usado, roto, esburacado.
Não ligues ao que te digo, eu gosto de ti assim, mendigo...

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