sábado, 27 de dezembro de 2008

Quando quase tudo cai...

Entraste por um dos poucos caminhos que havia por alí, escolheste o que te levou onde não querias, onde a luz ao fundo não era mais que uma vela comida pelo tempo, deixada por outro infeliz que por ali já tinha estado! Sorte a tua, que conseguiste ver o que as paredes testemunhavam, as gravações de histórias antigas, cravadas com unhas, do já morto que alí jazia!

-Sorte? Perguntas tu.
-Sim, muita sorte. Não fossem essas paredes contar-te como vais acabar, aí a definhar e sozinho!
E porque não lutas, não voltas para trás, tentas reencontrar o tal caminho que te levou aí, oh estupido?
-Porque no amor, não há volta a dar, o amor doi, faz sofrer, leva-te ao inferno e ao céu mais rápido que um colibri a bater asas!
-Estupido outra vez! O amor...esse, o tal que não respeita ninguém!?
-Esse mesmo, o amor que me fez perder neste caminho, onde só encontrei esta vela e este defunto que também ele, aposto, morreu de amor...coitado! Será que merecia?
-Se merecia ou não, a verdade é que é outro estupido!
-E tu? Tanta coisa, tanta coisa, mas também aqui estás...
-Eu? Eu perdi-me. Não foi de amores, mas perdi-me. Também vim por este caminho, quando todas as setas me diziam para virar à esquerda. A minha vontade era virar à direita, mas não havia direita. Mas eu sei como voltar para trás e é isso que vou fazer!
-Isso, faz isso!
-E tu, ficas-te? Aqui, sozinho e já sem forças? Porquê?
-Porque eu já não tenho salvação ou tenho? Eu sofro de amor, e da desilusão que isso provoca!
- Desilusão!! Essa que faz grupinho à parte com o amor! Como te percebo, foi precisamente isso que me trouxe a este caminho!
-Então porque não ficas?
-Porque sou superior, sou mais forte que esses dois! A mim não me fazem mossa, não me deixam marca! Vou-me...
-Espera, eu vou contigo! Se tu podes eu posso!
-Boa, vais ver que há mais para além disto, muito mais! Não pertencemos a este caminho e o destino destes ossos não é o nosso!
-Como tenho pena destes ossos!
-Esses ossos... trás uma tíbia como recordação! Como estou contente, as ruas que para cá eram à esquerda, agora são à direita, e como eu quero virar à direita!
-Mas porquê isso, de quereres tanto virar à direita?



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