terça-feira, 29 de março de 2011

Agora

Dou por mim a imaginar "se o amanhã não existisse". -E tudo o que não te disse? -Não... -Eu Amo-te.

domingo, 13 de março de 2011

1/2

Se podes escolher um dos dois caminhos, o melhor é escolheres de vez.
A única coisa que te posso desejar é: "Boa sorte".


Hoje não há propostas,
Não há naus de talhas expostas,
Não há sombras ou segredos,
Não há alegrias ou medos.

Hoje não há assuntos,
Não há mortos nem defuntos,
Não há urras de alegria,
Não há mais do que havia.

Hoje não há sorte,
Não há mal que não corte,
Não há flores a desbravar,
Não há sorte nem azar.

Hoje só o tinto,
Há o mal que hoje sinto,
Há a cinza das velas,
Há o vazio nas ruelas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Não há espaço para cobardia

E se o meu corpo pedir a tua alma,
Quando os teus olhos me pedem calma,
De quem veio para ficar,
De quem tem pressa no acabar.
E se o meu corpo pedir o teu cheiro,
Quando os teus olhos me dizem primeiro,
Que mais vale tarde a madrugada,
Que a pressa não nos leva a nada.
E se o meu corpo pedir o teu suor,
Quando os teus olhos me dão a dor,
De quem nunca se entrega ao leito,
De quem nunca enche de ar o peito.
E se o meu corpo pedir o teu corpo,
Quando os teus olhos são de um rei torto,
Que mais valia não ter vindo ao mundo,
Que mais valia estar num sono profundo.
E se o meu corpo desistisse do teu,
Quando os teus olhos me dizem que já morreu,
De quem se esconde nessa tal madrugada,
De quem foge da própria alma parada.

Se assim me pedes a paciência,
Quando tudo o que falta é a presença,
Respondo que sigas e te faças à estrada,
porque esta obra está acabada.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Rivalidade e surpresas.

Quando Deus deixa a história é feita,
Onde ele se esconde e ela espreita,
A mãe é a noite a entristecer,
O filho é grande ao entardecer.

A barca velha de livros e rochas,
Piano de cauda e teclas nossas,
Enigma escrito no teu meio seio,
Arcanjo meu que nunca veio.

Volta em ti e com rosto sério,
Aqui se constrói um breve império,
A seu dever veio ao mundo,
Com fim mistério foi ao fundo.

E se é possível amar a dois,
O breve agora e o outro depois,
Nem tudo é claro ou metediço,
A etimologia dos nomes e canivete suíço!

sábado, 18 de abril de 2009

No dia...

...em que as lâmpadas se acenderam em sentido, os comboios pararam em espinha, os carros voaram, as pessoas amarraram se ao cais, os cães deram voz à luta, as árvores deixaram as raízes e iniciaram a marcha do hino, as sombras abriram se, as motas encostaram se ao vento e desligaram motores, os pássaros deitaram se em camas de penas e a música fez se silenciosa.
No dia em que os traços na estrada apontaram noutra direcção, as televisões relataram com definição, os cigarros apagaram se, as cervejas deixaram de ser bebidas frescas, o cheiro do café tornou se perfume dos imortais, os deuses aplaudiram de pé e a lua revelou-se.
Onde os semáforos permaneceram no amarelo remitente, a cruz da farmácia definiu os segundos, nas casas iluminaram se as velas e os mortos vieram à rua...




...eu, dancei!


http://www.youtube.com/watch?v=ip1zsUIosoA



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Música Urbana

Pum pum pum pum.
Bater dos pés, ritmar a música que oiço ao longe.
Em cima oiço risos na televisão da vizinha.
Vejo as gotas que caem da torneira da cozinha...plim plim plim. Resolvem compasso, o resto é o bater das mãos nas pernas, nos braços, nas próprias mãos, evito a cara, aí dói...
O relógio faz se ouvir, tic tac tic tac...ele hoje passa a violino.

Eles dormem, o descanso dos miúdos parece tão mais fácil que o nosso. Eles quando dormem, dormem mesmo.

O som da campainha na porta ao lado...o telefone toca ao mesmo tempo, são a corneta e a pandeireta a entrarem acção.

Dlim dlão...
Trim trim...

A voz, falta a voz!

-"Astrid o que é que estas a fazer?"
-"Hummm? Nada! Adormeci..."
-"No banco da cozinha?"

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Ataque do miocárdio

Não é amor, nem lei, nem guerra,
É músculo gordo feito em terra,
Fulgor escasso a entristecer,
É fogo fraco que ninguém quer.

Sendo incerto e derradeiro,
É barco isolado em nevoeiro,
Que peca tarde por procurar,
Que tem no início o acabar.

E no mistério do vento que ruge,
Numa dor que vive e surge,
Como relâmpago de certa idade,
Que ilumina a eternidade.

São dois irmãos com o mesmo nome,
Onde um fica e o outro some,
Ninguém sabe qual deles foi,
O que fica hoje é herói.

Assim a faca que o rompeu,
Como as mãos que Lhe entregamos,
Mais um Homem que não morreu,
Deus não aprova que partamos.

domingo, 15 de março de 2009

Não há finais felizes!


Estrada

Tem desenhos esta calçada,
Onde me encontro quase parada,
Meio em pé e mais sentada,
Onde me vejo mas não me encontro.

Tem linhas este passeio,
Onde me afasto e pouco planeio,
Meio de gatas e mais a meio,
Onde leio e acrescento um conto.

Tem linhas esta estrada,
Onde me desvio mais cansada,
Meio de costas mais deitada,
Onde me viro e nada apronto.

Tem buracos esta parede,
Onde me desgasto da fome e da sede,
Meio a correr mais na rede,
Onde acabo e ponho o ponto.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Palco



Nem sempre!
Nem sempre o faço, mesmo que seja só para te contrariar!

Não quero que me esqueças, nem que me compares ao passado, que me trates como livro lido e atirado ao pó, deixado no tempo, não quero ser relógio de bolso, não quero ser uns teus sapatos fora de moda, não quero que me uses como aos cigarros, que aprecias por breves minutos e depois apagas como se não te tivesse dado prazer algum. Não quero ser um salmo, não quero ser uma epopeia, não quero ser história nem épica nem verdadeira. Não preciso que me expliques como a um infantil a aprender a cartilha, não preciso de cadernos às riscas para que não possa escrever torto, não quero que me vejas como a um país que nunca visitaste, não quero ser fotografia em album, nem slide em projector onde clicas para a frente e para trás. Não sei ser ar, nem água, sou fogo quando te beijo, e conheço a terra porque dela sou feita. Não quero ser um teu conto, nem um último ponto no teu texto.
Não quero ser final, nem peça teatral, não quero ser herói de acção em filmes de romance. Não entendo a mágoa, os pneus a deslizar nos carris, não quero ser quilómetros, nem o tic tac dos barómetros da música que não compões. Nem sempre me acredito quando digo o dito por não dito. Não quero ser a mão que me agride, nem o chão que pisas. Não quero ser carne para canhão, nem anão de circo, não quero ser fruto proibido, não quero ser imaginação.
Não quero ser ilusão, não quero dizer não...


shhhhhhiuuuuuuuuu!



"AQUI NÃO HÁ MAGIA!"

quinta-feira, 12 de março de 2009

Antes que seja tarde...




...Quero ser princesa num conto de fadas, quero ser bombeira e subir as escada, quero ser astronauta e pisar terreno marciano, beber a água sem o sabor dos canos, quero jogar ao prego na praia com os meus irmãos, quero ser futebolista e marcar 10 golos, quero ser arqueóloga e encontrar túmulos de ouro, quero ser fotógrafa em Matchu Picchu, quero ser espiã e arrasar com o KGB, quero voar sobre Florença, quero falar até de manhã com Leonardo D'avinci, quero pintar bigodes na MonaLisa e fugir pelo Louvre, quero amar-te até não conseguir mais.
Quero beber sumo de Zapote e comer côco arrancado no mesmo segundo, quero pilotar um Caça, quero me atirar do vulcão Kilahua e sentir o calor da sua lava, quero ir ao centro da terra e contar histórias a Júlio Verne, quero descobrir o tesouro de Monte Cristo, quero perder o medo de Tubarões, quero escrever um livro, quero ouvir Pavarotti no coliseu de Roma, quero cantar o flower duet com Maria Callas, quero o meu alpendre branco com uma cadeira de baloiço, quero a vista para o mar, onde possa dormir e descansar.
Quero mais, ou simplesmente te quero!