sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Poema I ( o primeiro divaganço)

Entras por uma janela quebrada, encostada,
Segues a minha sombra e a minha luz,
Pedes me livros, pedes me mundos e fundos,
Pedes que te esqueça e não apareça,
Deixas as tuas pegadas, as impressões digitais,
Roupa espalhada, toalha molhada, e a cama lavada,
E mais me pedes, para cair, para calar e não ouvir,
Para parar e não sentir.

Copos partidos, cartas rasgadas, flores acabadas e desprovidas,
Faca afiada cravada no peito,
O cantar desafinado de uma alma a jeito
O cair do pano de peças improvisadas, paradas e sem texto.

O eco da voz, do silencio, de nós,
Um salto em queda livre, sem chão nem perdão,
A dança isolada, às escuras e pela calada,
A meta perdida, uma relação, vivida em vão.

E mais me pedes, o tempo partido,
Pedaço de carne caído e sem sentido,
Pedes me a vida e a razão,
Pedes me a força do coração,
E o que mais me peças, pede bem pedido.

Palavras guardadas, marcadas a negro,
Jeito desgasto e cansado do medo,
Pedes me alegria, tristeza e segredo,
E quando me pedes, fazes sem pudor,
Pedes me tudo, o sabor e a dor,
Pedes que faça, desfaça e reveja,
Se é isso que me pedes, então que assim seja.

Relógio partido, parado nas 3 horas,
Pedes me para sair sem mais demoras,
Minutos e segundos que tanto devoras,
Cordas gastas da musica de fundo,
Pedes me a voz e eu perco o meu mundo,
Escreves o incompreendido, o apagado das memórias,
Inventas sonhos, hinos, pesadelos e histórias,
Pedes me a incompreensão dos teus textos e vitórias.

O compromisso que não previste, que desiste e insiste,
Marcas de ilusão feitas a dedo,
Números marcados, decorados tão cedo,
Conversas gravadas, cansadas de tudo o que existe,
Idas e voltas sem marcação aparente…
Jogos sujos, brincadeiras infelizes de gente,
Pedes me que te esqueça, pedes me a desgraça,
Pedes me mais, e talvez o faça, talvez o faça…

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